Investidor deixa CPFL antes de oferta e ação recua 6,9%

As ações da CPFL Energia foram destaque de baixa dos ativos que compõem o Ibovespa ontem. Segundo operadores, o recuo acompanhou a saída em massa de investidores pela provável perda de liquidez que o ativo deve enfrentar após realizada a oferta pública para aquisições de ações (OPA). A ação ordinária da elétrica caiu 6,89%, aos R$ 25,28. O giro financeiro foi de R$ 42,87 milhões, o dobro dos R$ 20,61 milhões movimentados no pregão anterior.

A oferta será realizada hoje, às 15h, no sistema da B3. Serão negociadas a totalidade das ações da CPFL, ou 461.749.929 papéis, ao preço de R$ 27,69 – valor 9,5% maior do que a cotação de ontem. A oferta está sendo feita pela chinesa State Grid, que adquiriu o controle da elétrica e terá que, por isso, estender a oportunidade de venda de ações aos demais acionistas – mecanismo chamado de “tag along”.

Os interessados em participar do leilão tiveram até as 18h de ontem para se habilitar para a operação. No entanto, como o sistema de contabilização das ações no portfólio dos acionistas leva o intervalo de três dias úteis, somente quem comprou papéis até sexta-feira (24) teve condições de participar do processo. Assim, segundo operadores, os agentes de mercado não quiseram ficar com um papel que deve provavelmente perder liquidez na bolsa.

Sem manter o nível do chamado “free float”, isto é, o percentual mínimo de ações em circulação, a CPFL pode inclusive acabar deixando o Novo Mercado, segmento máximo de governança da B3. Pelas regras do nível especial, as empresas precisam manter ao menos 25% do capital social em circulação no mercado.

Os índices da B3 dos quais a CPFL Energia faz parte também serão ajustados após a OPA. Segundo comunicado, serão alterados não somente o Ibovespa, mas também outros indicadores de bolsa, entres eles o Índice de Energia Elétrica (IEEX) e o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).

Considerando as condições previstas no edital de OPA, entre elas a aquisição da totalidade das ações ordinárias da CPFL, a quantidade teórica dos papéis da companhia nas carteiras dos índices será reduzida conforme o número de ações adquiridas no leilão, após o fechamento do pregão de hoje. Atualmente, a CPFL tem participação de 1,025% no Ibovespa. A primeira prévia da nova carteira teórica do índice será divulgada em 1º de dezembro, mas os ajustes por conta da oferta da CPFL serão feitos já hoje.

Segundo o chefe de renda variável da CM Capital Markets, Fabio Carvalho, a onda vendedora de ações da CPFL que ganhou corpo na sessão de ontem foi movida tanto por investidores locais quanto estrangeiros. Isso porque quem não adquiriu a ação até sexta-feira e não teve tempo hábil para participar da recompra da ação deixou de ter interesse em carregar um papel que deve perder liquidez.

O preço definido para recompra das ações da empresa, de R$ 27,69, foi alterado na terça-feira pelo controlador para atender as condições de mercado e, assim, despertar o interesse dos detentores dos papéis. Até então, o preço para a recompra estava definido em R$ 25,51, enquanto a ação estava sendo negociada acima dos R$ 27,00.

Fonte: Valor Econômico